quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Europa: o novo impulso da movimentação das massas trabalhadoras/O avanço do movimento operário (africa do sul)

 Europa

"A partir do segundo trimestre deste ano, as massas trabalhadoras de vários países europeus começaram a colocar-se em movimento com mais intensidade, deslocando-se, cada vez mais, na direção do centro do capitalismo mundial.Na Europa, as grandes manifestações, que, nos últimos anos, têm sido muito frequentes na Grécia, passaram a acontecer com muita força e continuidade em Portugal e, particularmente, na Espanha.



O Estado espanhol se colocou no centro da crise capitalista mundial, com um potencial de estrago enorme devido a que se trata da quarta economia da Europa, é irresgatável e as principais potências imperialistas estão fortemente contaminadas com os títulos públicos e privados espanhóis. Após as combativas greves dos mineiros do carvão de Astúrias, Leão e Galiza em junho, aconteceu o ascenso dos trabalhadores de Andalucía, que culminou numa marcha de 350 quilômetros até a capital da comunidade, Sevilha, que reuniu mais de 15 mil pessoas.
No dia 15 de setembro, aconteceram enormes protestos nas principais cidades do País. Na semana passada, uma marcha, convocada pelos chamados indignados, reuniu dezenas de milhares de pessoas em Madri e em outras cidades e, após ter sido violentamente reprimida pela polícia, levou a mais duas enormes manifestações, na mesma semana. A burocracia sindical foi empurrada pelo gigantesco descontentamento e convocou mais um protesto, no dia 6 de outubro, que contou com grande adesão, e aumentou em grande medida as pressões pela greve geral.
Em Portugal, enormes protestos quebraram o propagandeado "pacifismo" da população e colocaram em crise a adoção das medidas impostas pelo FMI e a UE. Uma nova greve geral foi convocada para o dia 14 de novembro que poderá coincidir com a greve geral espanhola.
Nos últimos dias, os estudantes italianos protagonizaram enormes protestos, nas principais cidades do País, contra o governo do "tecnocrata" Mario Monti, com vários enfrentamentos com a polícia.
Em Paris, mais de 100 mil pessoas se manifestaram contra os planos de austeridade de Hollande.Até na Alemanha, aconteceram protestos, nas principais cidades, contra as políticas do governo Merkel.As massas europeias estão se colocando em movimento. A tendência deverá se acelerar, pois a perspectiva da crise capitalista é se aprofundar e o aumento dos ataques contra os trabalhadores são inevitáveis."

 Africa do Sul


''O ascenso do movimento operário, que começou após os grevistas da mina de platino de Marikana terem sido atacados violentamente pela polícia, deixando 43 trabalhadores mortos, tem avançado para outros setores da economia.
A Amplats, filial da Anglo American Platinum, que controla quase todos os poços na região mineira de Rustenburgo, maior produtora de platino do mundo, demitiu 12 mil trabalhadores nos últimos dias, um quinto da força de trabalho total, por se recusarem a voltar ao trabalho, apesar das reiteradas ameaças dos patrões, após a polícia ter assassinado um dos grevistas. O resultado da medida tem sido a radicalização do movimento, com a expansão, inclusive, das greves para outras quatro minas da empresa localizadas na província de Limpopo. Os mineiros, que mantêm a produção paralisada desde o dia 15 de setembro, reivindicam o aumento do salário até 16 mil Rands, aproximadamente US$ 1.750 mensais. Desde o início do conflito cinco trabalhadores foram assassinados.
O massacre de 34 grevistas, no dia 16 de agosto, representou um grau de inflexão do movimento operário sul-africano. Os grevistas arrancaram 22% de aumento da multinacional Lohmin que se recusava a oferecer qualquer tipo de aumento alegando a queda dos preços, nos mercados de commodities, e das margens devido ao amadurecimento das minas que implica no aumento dos custos de produção.
Mais de 75 mil mineiros, em sete das novas províncias, o equivalente a 15% dos trabalhadores do setor, que representa 6% do PIB, têm participado das greves, que têm sido declaradas ilegais pelo governo do CNA (Conselho Nacional Africano).
A expansão do movimento grevista para outros setores
As greves têm se espalhado das minas de platina, de cujo mineral a África do Sul detém 80% da produção mundial, para as minas de ouro e minério de ferro.
Há quase três semanas, os trabalhadores do setor do transporte estão em greve reivindicando melhoria do salário e das condições de trabalho. Há mobilização entre os trabalhadores portuários.
Na mina de minério de ferro Kumba Iron Ore, propriedade da multinacional Anglo American, algumas centenas de trabalhadores, de um total de oito mil, paralisaram as atividades há alguns dias, de maneira independente dos sindicatos e passando por cima da burocracia sindical, bloquearam as estradas de acesso e forçaram a paralisação das atividades. Trata-se da primeira greve no setor, onde o governo, os capitalistas e a burocracia sindical estimavam que dificilmente aconteceria devido ao alto grau de automatização e as condições de trabalho e os salários serem melhores que nas minas de platina. Apesar das margens de lucro serem enormes, pois a mina é rentável ao preço de US$ 50 a tonelada, e o preço no mercado internacional está acima de US$ 110, a empresa se recusa a melhorar os salários.
Na mina de ouro de Kusasalethu, localizada na região de Carletonville, de propriedade da empresa Harmony Gold, pertencente à multinacional Gold Fields, milhares de trabalhadores estão em greve.
A AngloGold Ashanti parou às atividades na África do Sul por completo, pois 24 mil dos 35 mil trabalhadores entraram em greve.
Mais de nove mil trabalhadores da mina de ouro KDC West, de propriedade da Gold Fields, dos quais 5,5 mil moram no local, estão em greve.
A maior parte das negociações estão sendo conduzidas por representantes eleitos pelos trabalhadores.
Cerca de 19% do PIB da África do Sul depende da extração de minérios, de acordo com dados oficiais.
O governo de frente popular, de Jacob Zumba, que conta com a participação do PCS (partido estalinista) e da Cosatu (central sindical), impôs severas medidas para controlar a região de Rustenburg. O ministro da Justiça, Jeff Radebe, declarou que o objetivo das medidas é proibir a organização dos trabalhadores “de forma ilegal”, o porte de armas perigosas, além de severas punição para quem provocar ou ameaçar "com violência" nas áreas delimitadas.
Novos embates deverão acontecer no próximo período entre a burguesia e o proletariado da África do Sul. A crise do regime político, que tem contido os trabalhadores desde 1994, com a queda do regime racista, se aprofundará ainda mais. Está colocada, como tarefa de primeira ordem, a organização independente dos trabalhadores."
PCO - Diário Liberdade